“Nunca imaginei estar envolvido em um projeto tão grande. O tanto de jovens que serão beneficiados, sem condições de estudar porque precisam trabalhar e agora vão ficar tranquilos. Vão só estudar e quem sabe ter um futuro melhor. Bom demais participar disso”.
O depoimento é do engenheiro de dados e professor universitário Rodolfo Carneiro, 33 anos. Ele integra o time de cerca de 70 membros do Núcleo de Excelência em Tecnologia Sociais (NEES), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que desenvolveu o Sistema Gestão Presente, plataforma que armazena os dados dos alunos beneficiados pelo Programa Pé-de-Meia, do governo federal.
O trabalho de Rodolfo reflete um dos propósitos que mobiliza professores, pesquisadores, estudantes e colaboradores do NEES: desenvolver soluções tecnológicas capazes de impactar positivamente todo o ecossistema educacional brasileiro. De promover equidade educacional para a transformação social.
O pagamento da primeira parcela do Pé-de-Meia, no valor de R$ 200, começa na próxima terça-feira (26) e segue até 3 de abril. A estimativa do Ministério da Educação (MEC) é beneficiar cerca de 2,5 milhões de estudantes de baixa renda que estão no ensino médio de escolas públicas. Coube a Rodolfo gerenciar a equipe de banco de dados do sistema Gestão Presente.
DESAFIOS
“Eu venho de uma cidade pequena, Feira Grande, no interior de Alagoas, e de uma família humilde. Estar trabalhando num projeto que vai impactar muitas pessoas é uma grande satisfação. Pensando, por exemplo, na minha região que tomo como referência, nos jovens da minha cidade, muitos deles não teriam a oportunidade de estudar”, destaca Rodolfo. “Participar da engrenagem para fazer funcionar o Pé-de-Meia dá muito orgulho”.
Bacharel em Ciências da Computação pela Ufal, campus Arapiraca, Rodolfo fez parte das primeiras turmas de formandos após a expansão da educação superior, iniciada em 2003 e que levou universidades federais para o interior, uma das principais marcas da primeira gestão do governo Lula.
A iniciativa abriu portas para que estudantes como ele, provenientes de áreas distantes dos grandes centros, tivessem acesso a uma educação de qualidade sem precisar se deslocar para longe de suas famílias. E que vai na mesma direção do Programa Pé-de-Meia , cujo objetivo é democratizar o acesso à educação e reduzir a desigualdade social entre os jovens, além de promover mais inclusão social pela educação.
ORGULHO
Rodolfo virou professor do mesmo curso e no mesmo campus da Ufal que estudou. Após a graduação, fez mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com um período de mobilidade na Universidade de Coimbra, em Portugal.
Sua participação ativa no NEES vai além do aspecto técnico. Rodolfo compartilha da mesma visão do núcleo em apoiar ações de impacto social como o Pé-de-Meia. E sua experiência pessoal, vindo de uma cidade do interior e beneficiado por programas de interiorização das universidades, o torna especialmente sensível às necessidades das comunidades menos privilegiadas.
“Ter sido convidado para participar desse projeto e integrar a equipe que está desenvolvendo o Pé-de-Meia está sendo uma experiência fantástica pelo lado profissional, porque a oportunidade de aprendizagem é gigante. E mais ainda pelo lado pessoal, pelo objetivo do projeto, o apelo social, integrar uma ação que vai impactar quase três milhões de jovens”, ressaltou Rodolfo.
“Acho que a gente venceu na vida. Porque se tínhamos um objetivo na vida, ele foi cumprido. Um trabalho que começou ano passado no Gestão Presente. Cada número ou linha das tabelas que montamos não são só números. Representam jovens que poderão ter suas vidas mudadas pela educação”, comentou Rodolfo.